Coisas que não dissemos


Você me encontrou três meses atrás. 
Sorrindo, caminhou em minha direção. Só me dei conta da sua presença quando você já estava há poucos passos de mim. Meu riso desajeitado tomando conta do ar. Você sabe, eu rio quando estou nervosa. 

Você me abraçou e perguntou como estou. 

Disse que tem trabalhado muito, mesmo que eu não tenha lhe pedido explicação alguma. 

Talvez seja apenas a minha mente esperançosa, mas teu abraço apertado durou mais e disse mais que um simples “olá”. 

Seus braços ainda ao redor do meu corpo, me segurando como se realmente me quisesse por perto. Me perguntando como estou repetidas vezes, como se realmente quisesse saber sobre mim. 

Olhei ao redor sem entender nada, meu cérebro  em colapso. 


Meu coração caiu aos pedaços quando seus braços tomaram distância, mas continuei sorrindo enquanto com os olhos, você devorava cada centímetro de mim. 

Dos meus cabelos volumosos e bagunçados até meu par de tênis brancos sujos, nada foi deixado de lado. Meus lábios entreabertos em busca de ar. 


Eu me apaixonei por você novamente, apenas observando sua camiseta branca e a forma como ela se encaixava perfeitamente ao teu corpo. 

Eu estava assustada, desejando que você nunca tivesse que ir. 

Então você me perguntou novamente como estou, não consegui dizer mais que “estou bem”, meus olhos não deixavam seus lábios. Minha parte favorita de você. 

Eu me apaixonei novamente, rápida e profundamente. 


Continuei sorrindo, rindo, riso meio histérico, tentando sobreviver, sei lá. 

Teus olhos azuis brilhantes cheios de interesse e curiosidade. Observando minha reação como se ainda tivesse esperanças de que eu fosse a mesma, que ainda reagisse à você da mesma forma. Em busca de um sinal para que você, mais uma vez, pudesse me ter. 

Faz mais de um ano. Não somos mais os mesmos, mas você está certo, a atração permanece lá. Tão viva e intensa como o sol que queimava às duas da tarde daquele dia. 

É como se o universo nos puxasse um para o outro como um imã comprado em uma viagem e que pertence à porta da geladeira. Mesmo que o imã arranhe o metal frio, aquele ainda é o lugar dele. 


Espero que você não tenha sentido a minha falta como eu tenho sentido a sua. Que não tenha se sentido tolo por ainda pensar em mim. 


Em choque te observei partir.  

Me sentei e respirei fundo em busca de ar, só então percebi que minhas mãos tremiam. 

Desejei voltar alguns minutos no tempo e reagir à você de forma confidente, talvez desinteressada, e não como uma adolescente de quinze anos perdendo a fala ao conhecer seu cantor favorito. 


Eu te observo à distância. Todos os dias. 

Eu deveria parar, eu sei. Não é um hábito saudável. Mas não saber de você me machuca mais. 

Saber que você está bem me deixa feliz. Saber que você se machucou me deixou preocupada. Saber que você teve o momento da sua vida dias atrás me deixou em êxtase. 

Eu não consigo parar. Caso sério de amor crônico. 

Eu tenho tentado te superar, mesmo que eu não tenho tentado o suficiente. 

Eu deveria ter aprendido a lição há um ano atrás, quando você simplesmente desapareceu sem dizer nada. 

Eu deveria não sentir você em todas as canções que escuto. 

Eu deveria não me importar, mas eu me importo.  


Quero te encontrar novamente, ir à algum lugar onde possamos conversar. Te dizer tudo que está guardado há tanto tempo e que tem me feito viver tão distante daqui.

Eu não sei onde poderíamos ir, mas se eu estiver com você será o suficiente. 


Você nunca foi meu, mas ainda sou um pouco sua. 








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