Conforto ansioso
Como em muitos outros dias, meu cérebro ampliou a qualidade onírica da turbulência que vive dentro de mim. Uma espécie de esgotamento que se torna parte do ser e que não vai embora com três respirações profundas e uma vela aromática queimando até o fim. No fundo, acho que estou apenas cansada. Muitas mudanças aconteceram nos últimos três meses. Corpo e mente precisam de tempo para entrarem em sincronia, se adaptarem e reconhecerem os novos sinais, cheiros e lugares. São novas ruas por onde andar, novas pessoas para quem sorrir, novos diálogos em conversas curtas. Até para o clima é necessário adaptação.
Tenho nome para o que hoje me incomoda, Síndrome do Impostor. Hoje é um daqueles dias em que me pego presa em um ciclo de pensamento-preocupação-sono-falta de concentração. Já me disse milhares de coisas boas sobre mim mesma, me parabenizei pelo livro novo, pelos inúmeros currículos que enviei, pela incansável vontade de fazer diferente e recomeçar. Mas há aquela voz... aquela voz que não consigo calar, que diz que eu não sou boa o suficiente, que nem sei o que quero e que faço varias coisas tentando preencher o vazio profissional que sempre existiu em mim. Com todas as mudanças, também tenho descoberto um novo eu. Ou será uma crise de identidade? Quem sou eu?
Peguei um caderno e comecei a escrever e imaginar o meu eu ideal. Qual seria minha rotina matinal? O que eu pensaria quando acordasse? O que eu faria antes de dormir? Fiz tudo de forma bem detalhada, descrevendo com emoções e não apenas ações. O meu eu ideal comecaria promovendo a si mesma. Uma estratégia de marketing bem pensada. Ela escreve livros, as pessoas precisam conhece-los. Como? A Leda não sabe bem como fazer ou acha que não sabe. A Síndrome do Impostor tem falado mais alto.
Quero mudar a cor do meu cabelo. Vi um spray clareador e fiquei com vontade de testar. Talvez eu mudaria também as minhas roupas? Quero escrever livros e pagar as minhas contas, um resultado que não bate no final das contas. Pagar as contas com o que vem da escrita parece uma utopia. Continuo dizendo que escrevo porque amo, e é a verdade. Mas essa verdade também me faz querer desistir de escrever. O que eu faria sem a escrita? Sinceramente, não sei. Por todos os lados que olho enxergo arte e não sei o que eu seria sem ela. Mas de forma prática, não é nada prático. Se é que você me entende. Conflitos. Conflitos. Conflitos. Assim como a fada madrinha deu uma noite de princesa para Cinderella, eu queria uma que me desse clareza para escolher uma profissão que realmente combine paixão com um salário na minha conta bancária. Minha crise profissional já dura 35 anos e, ás vezes, parece que vai durar para sempre.
Por falar em escrita, o evento de lancamento do Meu coração não fala com estranhos acontece nos dias 06 e 07 de outubro, nas cidades de Lausanne e Genebra, Suíça. Assim que receber as artes dos eventos, venho fazer um post aqui.
Acordei cedo e fui fazer minha caminhada na praia. Amo o cheiro do mar pela manhã. O barulho das ondas indo e vindo, lavando os grãos de areia e meus pensamentos. O ar é fresco e o sol aquece a pele de um jeito confortável. Parece que todos os pequenos contratempos que tem o potencial de me machucar, não serão capaz de faze-lo, pois, são muito insignificantes quando comparados a imensidão que é viver dia após dia. E eu sei que é. Sou uma sagitariana otimista, vez ou outra com intrusos pensamentos pessimistas. Talvez você consiga sentir a apreensão nas minhas palavras.
Não pense que meu tom seja particularmente triste ou entorpecido; estou apenas desapontada com essa voz interna. Mas por um momento vou aceita-la e sucumbir a ela. É justamente por esse pensamento intrusivo que escolhi escrever. Uma sensação muito básica, conhecida e confortável. Sensação de conforto ansioso. Lembra o que escrevi no post anterior? Canela e papel sempre são nossos melhores amigos em momentos de confusão, ou quando o ato de dormir não proporciona descanso real. O sentimento geral dessas palavras são agridoce.
Vocês leem o que escrevem? Eu escrevo e jogo pro mundo. Raramente releio algo meu. As vezes parece que fico terrivelmente inexpressiva quando leio. Acho que escritores muitas vezes não são expressivos quando leem suas próprias obras. Não é fácil entrar na cabeça de um escritor. O desafio de não desistir é o que nos faz atacar os sentimentos de frente, escrevendo sobre eles. Sinceramente, acho que os escritores escrevem expressamente para combater o que consideram errado e difícil no mundo - e por isso estou pensando, que todos nós somos poetas de coração -. Continuar avançando independentemente de suas verdadeiras aspirações. Acho que essas palavras confusas conectam perfeitamente o que estou dizendo e o que todos nós estamos vivendo.
Conforto ansioso.
Bela reflexão. Adorei!
ResponderExcluirBoa semana!
O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!
Jovem Jornalista
Instagram
Até mais, Emerson Garcia
Obrigada pelo carinho de sempre.
ExcluirBeijos.