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Mostrando postagens de dezembro, 2021

Tragédia da Vida Moderna

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Foto: Leda Bueno Ontem um dos caras que me estuprou na adolescência me mandou solicitação de amizade no Facebook. Foi a primeira vez - em anos -, em que o vi e não senti o estômago doer. Não olhei muito, mantive meus olhos no nome e na foto até me dar conta de quem era e então deletar a solicitação. Deixei pra lá. As memórias sequer ficaram em minha mente. Fui para o banho agora de manhã, e como meu marido diz, o banheiro é o meu escritório, é onde meus pensamentos e sentimentos afloram. Me lembrei da solicitação de amizade. Também me lembrei dele dizendo que não me machucariam, enquanto eu pedia para ele parar e pedir para o amigo parar, pois, já estavam me machucando. Eu não quero chorar, não me sinto triste, mas tenho essa pedra no estômago. Eu respiro fundo e sinto o peso dela. Meu corpo não para de tremer. Às vezes acho que já chorei e sofri tanto que não restou mais nenhum desses sentimentos pra me machucar. Mas quando coisas como essas acontecem, vejo o quanto isso ainda me afet

Acredito em Anjos

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Acredito em anjos, mas não acredito em Deus.  Escolhi a astrologia como guia e talvez eu seja apenas uma tola por acreditar nas palavras dos homens. O que existe lá, embaixo da minha pele? O que compõe meus ossos? Arte e fé são subjetivas. Como você me lê e me acredita? Sou casa de todos os despertares, de todos os anjos, demônios e prazeres. Eu deveria me culpar? O livre arbítrio é uma linha fina entre o que é fácil de dizer e difícil de fazer. Desde que a humanidade é novamente o centro das atenções, eu quero tomar um minuto do seu tempo para dizer que meu senso de pertencimento está um pouco cansado. Ouvi dizer sobre as noites longas e tudo que será perdido. Ouvi dizer sobre o que meu corpo pode comprar e tudo que minha alma jamais carregará. Já tive fé, mas ela se perdeu em todas as casas em que roubaram de mim minha carne. Ouvi dizer que eu não deveria me abalar. Comigo carrego apenas fé em mim, e no amor. Dias atrás me deparei com um jovem sábio, preenchido de bondade e fé inabal

O Monstro Embaixo da Cama

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Foto: Luiza Rower Saí da cama essa manhã precisando abraçar meu corpo. Ele tem necessitado   desesperadamente de toques e sensações. A única maneira de acalmar essa voz que não costuma dormir.   Acendi as luzes, me vesti para mais um dia de céu claro e neve no chão. Caminhei pelas ruas ainda escuras, dez graus negativos, o termostato indicava.  Movo meu corpo, o movo novamente, mais uma vez e mais uma vez. Existe prazer no esforço, na dor, mergulho nele. Decido que é suficiente, o suor começa a sair de meus poros, a sensação é confortável.  O chuveiro aquece meu corpo, por alguns segundos também a alma. A água faz seu caminho rastejante em minha pele molhada, beijando todos os lugares que tenho desejado dolorosamente serem tocados.  Penso em você e em outra pessoa, também naquela garota alemã que faz meu sangue ferver. O sorriso dela… o sorriso dela incendeia tudo ao redor, derrete meus ossos. Não sei se suportaria vê-la nua, sorrindo o meu sorriso no dela, entrelaçando nossos dedos em