Long time traveller
Introduction
Introdução
Desde o inicio dos tempos, a história da humanidade tem sido construída sob cinzas e lendas sobrenaturais. Médiuns, bruxas, lobisomens, vampiros ou qualquer que seja o nome dado aqueles que vivem no desconhecido. Século após séculos , humanos tem se interessado pelo futuro através de seu passado. Artistas, politicos, economistas, poetas, pensadores e cientistas entrando no mundo espiritual para explicar fenômenos sobrenaturais. Renascimento. Assim muitos descrevem o período em que vivemos desde o século XlV. Como se o mundo estivesse renascendo da escuridão para a luz. Três séculos depois, tudo o que vejo é guerra, fome, ignorância entre raças e povos. Séculos estes que seriam melhor descritos como Idade das trevas. Membros de poderosas famílias apoiando suas próprias causas e governando como bem entendem. Os ricos podem pagar pela guerra, os menos afortunados vão para os campos de batalha.
Em épocas caóticas é mais fácil se misturar a escuridão. Pessoas desaparecem à todo instante, em meio a guerra os humanos não questionam. Enquanto muitos vampiros usam seus talentos e dinheiro alimentando a guerra, outros atravessam os mares para aprender mais sobre o mundo ao redor deles. Dois lados para a mesma moeda. Uma nova era para novas ideias.
O viajante
O vampiro tinha
estatura mediana. Seu nariz e queixo faziam simetria perfeita com os traços refinados de seu rosto e lábios cheios e rosados. Os olhos azuis e cabelos
loiros cacheados, assim como o jeito de falar, foram herdados de sua mãe. Seus ombros estavam um pouco curvados e seu
temperamento era sempre melancólico, raivoso e pensativo. Em poucas palavras
ele poderia ser descrito como muito mais que um perfil meramente somático e bonito. Não
seria necessário nenhum conhecimento em psicologia para ser capaz de imaginar
quão forte e impiedosa sua personalidade era. E essa é a imagem do vampiro que
foi passada através dos séculos.
Seu grau de fúria correspondia ao grau de sofrimento que havia vivido da infância até o dia em que havia sido transformado. Sua origem era aristocrata, mas sua realidade durante toda a juventude não poderia estar mais longe daquela. Dixon nasceu em Penwith, Cornualha, em 16 de maio de 1300. Foi batizado na pequena igreja do vilarejo, com o sobrenome Lancaster. Sua família pertencia a aristocracia e era filho único. Aos nove anos de idade deixou contra sua vontade, o pequeno vilarejo rumo a Florença, Itália, para viver e estudar junto aos monges. Havia sido criado longe de casa e se lembrava nitidamente de todas os maus tratos e atrocidades que sofrera nas mãos de cada um. Pouco conviveu com os pais ao longo de seus vinte e um anos de vida humana. Sempre que abordava o assunto durante as poucas visitas a Cornualha, tanto o pai, quanto a mãe, diziam que aquele era o melhor para ele, o futuro com o qual haviam sonhado. Ambos eram pessoas de muita fé religiosa e seguiam a risca os mandamentos sagrados. Se gabavam do único filho nos encontros sociais, pedindo para que ele descrevesse seu amplo conhecimento sobre arte, filosofia e teologia. Dixon nunca soube o que odiava mais, se ser torturado, vivendo a vida que nunca quis ou ser invisível aos olhos daqueles que eram seu próprio sangue e deveriam o proteger. Contudo, ele foi um jovem habilidoso em ciências e artes. Usava seu talento como fuga e cura para a dor física. Era um poeta sensível, escrevia os mais bonitos poemas sobre sua alma solitária. Poemas esses que nunca mostrara a ninguém, os queimava antes mesmo que a tinta tivesse secado no papel.
Como uma águia, assim
que transformado, ele usou sua ira para se vingar de todos que uma vez o causou
sofrimento. Acreditava que apenas a ira poderia movê-lo para as posições mais
altas. E ainda, como uma águia, o destino do vampiro era ser solitário.
Na primeira noite após seu aniversário de vinte um anos, o monastério em que vivia foi atacado por um grupo de vampiros sedentos, poucos monges sobreviveram ao ataque. Dixon foi um deles. No entanto, não era mais humano. Passou pela transformação escondido em seu quarto, quando, por fim, o sol lhe permitiu sair, matou todos os que sobreviveram ao ataque anterior. Estava confuso, irado e acima de tudo, sedento. Um tipo de sede que nunca sentira antes. Suas veias pareciam em chamas, tão secas que doíam. Nunca imaginou sentir algo tão prazeroso quanto o sangue fresco descendo por sua garganta, alimentando seu corpo, o trazendo para a vida. As memórias de tal experiência ressoam vividas em sua mente, um prazer indescritível.
Poucos meses após o ataque, Dixon encontrou a si mesmo em uma difícil e delicada situação. Vampiros não podiam sair ao sol. Contradizendo sua natureza tempestuosa, teve de agir de acordo com suas necessidades. Ao final daquela década, ele assumiu sua posição de cidadão nobre, após invadir o castelo da familia Caprini, dizimando-os um a um e transformando aqueles que ele poderia usar a seu favor, dando início ao que ele chamaria de império.
Ao longo dos anos, o vampiro havia adquirido um vasto conhecimento sobre o mundo e sobre si mesmo e, ainda que sua fortuna e fama tenham aumentado exponencialmente, seu desejo por poder nunca parecia ser saciado. Ele não apenas acumulava palácios e castelos, como também fazia parte das decisões políticas de Florença e os resultados eram significantes. Era um homem inteligente e temido, se infiltrara bem e sabia ser discreto quanto a sua identidade. Nem mesmo os experts políticos e mais audaciosos monarcas eram capazes de ir contra suas decisões. Como consequência, algumas partes da vida do vampiro, talvez as mais importantes, permaneciam na escuridão e assim provavelmente continuariam. Mas existia, de fato, alguns poucos relacionamentos honestos na vida do vampiro. Alguns corações sempre se deixavam levar pelas trevas.
Enquanto isso, a situação em relação aos vampiros em Florença começou a piorar, exarcebada pelas transformações desenfreadas de novos vampiros. Os grupos não tinham regras e por onde passavam causavam caos. A sociedade vampírica crescia causando tensão e conflitos entre os próprios de sua espécie, dando inicio a uma guerra aberta.
Tarde naquele mesmo
ano, apos inúmeras brigas e um ou dois desgraçados tentarem assassina-lo, Dixon
decidiu que era hora de formar um conselho, criar leis e reinar. No que podemos
chamar de turbulenta reunião entre os grupos na Basílica de Santa Trinita, Dixon
nomeou Donato, um exilado líder político que havia transformado meses antes,
como seu secretário e conselheiro. Rafaelo, que havia sido banido de Florença por estar envolvido em escândalos de corrupção, como seu corregedor da corte
para o crime. Sandro, um magistrado que havia cometido inúmeros atos ilegais,
incluindo falsificação de documentos da realeza e roubo, como seu tesoureiro. Por último,
Dixon achou necessário que também tivesse uma guarda real. Boniface, um vampiro
de compleição forte e mente estratégica seria o líder de seu exército, o
capitão da guarda real. Para os demais, Dixon prometeu proteção em troca de apoio político. Aquele foi um sinal claro para atrair a simpatia de seu povo,
um encontro com a intensão inevitável de alarmar os vampiros ao redor de
Florença.
Fevereiro 1429
Dixon levantou os olhos
para o céu negro como a própria alma que não tinha. Quase duzentos metros acima do chão, o telhado da torre
leste do castelo era o seu lugar favorito para pensar. Lá do alto ele podia
observar a entrada da cidade e a luz prateada da lua refletindo sobre o rio
Arno. Tinha se alimentado ainda a pouco. O corpo, ou o que restara dele,
permanecia a seu lado. Os vampiros de seu reino estavam finalmente presenciando
dias melhores. Do alto avistou Donato, o vampiro se misturava as sombras das
casas tal qual alma perdida, sua expressão parecia dispersa, mas os anos
ensinaram Dixon que aquela expressão significava preocupação. Em questão de
segundos, o velho amigo estava a seu lado.
“Não esperava vê-lo
aqui”.
“O que te preocupa, meu
amigo?” Perguntou Dixon, ainda olhando para a cidade logo abaixo. Florença era
uma das cidades mais bonitas que já vira. Tinha muitas praças, igrejas
antigas, arte e torres. As ruas estavam sempre cheias e no verão as varandas
eram o local ideal para os humanos tomarem sol por algumas horas. As partes
mais movimentadas da cidade eram ao redor da ponte de pedra, a Ponte Vecchio,
que cruzava o Arno em seu ponto mais estreito e era margeada em ambos os lados
por açougues e casas. Mas o que ele mais apreciava eram os campos verdes que se
estendiam como um longo tapete ao redor dos muros da cidade.
“Há duas noites um
grupo de vampiros foi visto caminhando em direção ao castelo. Boniface os
identificaram como parte da guarda particular da familia Medici.”
“Quantos?”
“Não sabemos ao certo quantos
eram, mas acreditamos que eram ao menos vinte”.
Dentro do castelo
tinham mais de duzentos habitantes, menos do que a população vampirica
espalhada pela cidade. Ainda assim, estavam em maior número que os aliados da
família Medici. Desde a formação do conselho os clãs de vampiros haviam sido
divididos em cinco. Cada clã tinha suas
próprias regras e aliados. Para melhor se misturar a população florentina,
todos de seu clã se vestiam de maneira muito simples, com traje padrão de
tecido escuro até os tornozelos, abotoado na frente como uma batina. Suas casas
também eram despretensiosas, mobiliadas com mesas simples de madeira e o piso
de pedra nua. Alguns clãs gozavam de uma reputação de frugalidade e os idiotas
esbanjavam suas riquezas. Mas para Dixon, aquele não era o melhor jeito de
ajudar os seus a sobreviver a guerra humana e vampírica, que explodia ao mesmo
tempo. Quanto menos atenção atraíssem e mais temidos fossem, melhor.
“Em obediência às
ordens que você me deu, saí para investigar e fui recebido com silêncio. Todos
na cidade afirmaram não saber de nada”. Prosseguiu, Donato. “No entanto, no
caminho de volta para o castelo percebi ser seguido por uma mulher vestida
em vermelho, com a ponta do capuz cobrindo o rosto.”
“Você a matou?”
“Não.”
“Encontre-a e traga-a
para mim ainda esta noite”
Com um aceno de cabeca, Donato desapareceu tão repentinamente como tinha surgido.
O encontro
A humana que estava a
sua frente tinha longos cabelos pretos e pele cor de oliva. Os grandes olhos
castanhos eram desafiadores.
“Qual é o seu nome? Por
que estava seguindo um dos meus?” A mulher sorriu, mas continuou em silêncio. Dixon
foi até a mesa e serviu uma das taças com vinho, caminhou de volta e a estendeu
para a visitante. Ela o olhou curiosa, mas pegou a taça, tomando o vinho sem modéstia alguma.
“Me chamo Fiorella. Tenho
uma mensagem para você.”
As sobrancelhas de
Dixon se moveram em curiosidade. “Que mensagem? Enviada por quem"?
“Acabei de retornar de uma longa visita a Inglaterra. Aquele é, certamente, um país muito bonito.” A menção a sua terra natal capitou toda a atenção de Dixon. “Trago-lhe uma mensagem de sua mãe”.
O corpo de Dixon paralisou. Impossível que aquelas palavras fossem verdadeiras. Sua mãe estava morta, ele tinha certeza. Impossível que alguém a tivesse visto, muito menos falado com ela.
“Mentira!” Dixon gritou.
Parabéns pela história!
ResponderExcluirBoa semana!
O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!
Jovem Jornalista
Instagram
Até mais, Emerson Garcia
Obrigada!
Excluir:)